“Eu vim para Curitiba com 10 anos de idade, sozinha, para trabalhar na casa de uma família. Eu morava em Caravatá, interior do Paraná, onde minha família ainda mora. Costumo dizer que descobri a tristeza na cidade, pois enquanto vivia no mato, nada me faltava, apesar de sermos muito pobres e não termos conforto. Tudo que nós precisávamos estava na mata. Nós caçávamos para comer, bebíamos água de uma vertente, nós colhíamos frutas e usávamos as plantas como remédio. Não tínhamos médico, a primeira vez que fui ao médico foi para ganhar minha filha. Eu morava em uma casa que chamávamos de paiol. Era uma casa feita de barro e coberta com as folhas secas do Jerivá (coquinho). Usamos o Jerivá para muitas coisas: Fazíamos esteiras para deitar e se cobrir, redes e cestas que pintávamos com as pedras que encontrávamos. Nós comíamos o coquinho da árvore e quando ficávamos doentes meu pai subia na árvore e retirava a seiva que era um santo remédio para tosse. Em Curitiba, passei fome, pois não tinha dinheiro para comprar as coisas. Eu casei-me aos 14 anos de idade, as coisas melhoraram e hoje vivo bem em Curitiba, com o conforto que eu não tinha quando era criança.”
Este foi o depoimento de Elisa Alvez da Luz ao ver a prancha com o desenho botânico do Jerivá (coquinho). A prancha do Jerivá faz parte do Projeto “Colorindo as flores, os bichos e as paisagens de Curitiba”, que traz uma série de desenhos botânicos sobre a fauna, flora da Floresta de Araucária e paisagens urbanas de Curitiba. Estamos convidando as crianças para olharem as pranchas e a partir de suas motivações e/ou identificação (com os animais, plantas e paisagens) pesquisarem sobre o tema escolhido.
Elisa é mãe da Wanessa Alvez Correa, paciente do Hospital Pequeno Príncipe. Enquanto Wanessa olhava as pranchas, Elisa falou-nos sobre o coquinho e como ele era utilizado pela sua família.
O Jerivá também faz parte da vida de Edevane, paciente que está no Hospital desde Março de 2010 e já é parceira o Setor de Educação e Cultura. Ela escolheu esta árvore para pesquisar...
Eu estava olhando uns desenhos da floresta da araucária e eu encontrei o desenho do Coquinho e quis pesquisar sobre ele. Descobri que ele tinha outro nome, que é Jerivá, mas podem ser chamado de baba-de-boi, coco catarro, coqueiro, coqueiro-gerivá, gerivá e jeribá, dependendo da região do Brasil. Coquinho é como eu o conheço.
Eu descobri que ele faz parte da Mata Atlântica e pode ser encontrado no Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
Eu sei que o Jerivá é uma fruta muito gostosa e doce.
A castanha dela é muito parecida com a do coco mesmo, basta macetar e tirar a castanha lá de dentro.
Em minha cidade, Piraí do Sul, há várias destas árvores, no quintal da minha casa também tem uma. Eu e meus irmãos adoramos comer coquinho.
Edevane Moreira Pereira (13 anos) - orientada por Ana Paula Lopes
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